25
Apr 11

Os Recém Convertidos

(NOTA: este artigo foi publicado aqui na Exame Informática, na minha coluna de opinião Franco Atirador; para a semana há mais)

 

Não há nada pior do que um recém convertido. Desde os zelotas sicários até aos fanáticos religiosos dos nossos dias, foram sempre os recém convertidos que tiveram as atitudes mais extremistas e fanáticas.

Não há nada pior do que um recém convertido à religião da Apple e do seu Deus, Steve Jobs.

Não tenho rigorosamente nada contra o Steve Jobs. É um génio de marketing (mais do que tecnológico) que há muito tempo admiro. Tirando o ZX81, o ZX Spectrum, o Commodore 64 e um PC Amstrad 1512, os primeiros computadores que usei na Faculdade foram Macs (o Classic). Na altura fiz alguns trabalhos numa NeXT workstation (a melhor coisa que o Steve Jobs alguma vez fez e que 20 anos depois continua a ter coisas melhores do que os MacOSX e os Windows que por aí andam). Tenho uma NeXT em casa. Acho que isso diz tudo.

Não tenho rigorosamente nada contra a Apple. É uma empresa fantástica que faz sair produtos de excelência. Uma das empresas de que sou sócio, envolvida no negócio do design e comunicação gráfica, trabalha desde 1996 com Macintosh, desde o tempo dos Quadras e dos Power Macintosh, e correu os modelos todos até aos mais recentes.

O que me chateia são os recém convertidos à “religião” do Macintosh.

Durante anos não se via um Mac numa faculdade. “Por questões de compatibilidade”, diziam. “Ao fim e ao cabo depois nas empresas é o que se usa”. Isto foi a tanga que foram dando. Eram zelotas dos Windows e da Microsoft. Até que o Mac se tornou moda. A partir do momento que se tornou moda “apreciar” o design e a facilidade de uso, que já eram um facto desde a década de 80, começaram os ratos a saltar do barco Microsoft. E agora é ver a proliferação de Macs nas Universidades. E a forma sobranceira como passaram a tratar os colegas que têm um PC com Windows. São uns info-excluídos coitados.

Depois há os convertidos tecnológicos. Sabem alguma coisa mais sobre computadores do que o utilizador normal. E também entraram na moda. Diz-me um no outro dia: “não sabes o que é bom”. Um palhaço a ensinar o Padre Nosso ao vigário… E para esses não há mais nada. Só existe a Apple. Durante anos tiraram MCSEs e foram para a fila nas FNAC quando saía a nova versão do Windows. Agora vão para a fila quando sai a última novidade da Apple. Mesmo que seja igual à anterior mas com mais cores.

Ainda piores são os convertidos tecnológicos que sabem bastante mais do que os utilizadores normais. Programadores, administradores de sistemas, etc. Durante anos fizeram cruzadas contra a Microsoft. “Bandidos!”. O software era proprietário, as aplicações uma porcaria, eram monopolistas e abusadores. Bom era o Linux, isso sim. Podia ter-se controle total sobre o sistema operativo e sobre o hardware. Mas agora que usam Macs o problema já não existe. A Apple é ainda mais proprietária, mais abusadora e os Macs computadores mais fechados. Mas está tudo bem. Ainda têm a lata de dizer que “não se querem preocupar com o computador, só querem que funcione”. Incoerência e falta de moral. Durante anos o Mac era para os designers, para as meninas e para os básicos. Mas agora já serve. Está na moda. Dá status…

Eu desfiz-me dos dois, dos Windows e dos Macs. Passei a usar Linux em todas os meus computadores (o telemóvel é Android, claro). O que teve uma grande vantagem: quando vem a família e os amigos pedir suporte técnico à borla posso dizer “Não uso, uso Linux, já não sei como isso funciona”. Temos pena.


12
Apr 11

O Que Fazer ou Não Fazer Durante Uma Recessão

Com o país a meio de uma recessão não é surpresa que o assunto da economia seja preocupação de todos.

O que fazer relativamente aos problemas que temos? Bem, isso depende de quem se perguntar. Dizem por aí que precisamos de um financiamento e um estímulo de 85 mil milhões de Euro…

Mas há quem não acredite nesta típica medida keynesiana, preferência de governos socialistas. Há quem não acredite em Keynes, seguido ardentemente por uma classe política retrógrada e velha.

Aqueles que não acreditam nas teorias de Keynes contrapõem como alternativa as teorias de Friedrich Hayek (prémio Nobel de Economia, um dos mais importantes economistas do século 20). Bruce Caldwell, editor do livro “The Collected Works of FA Hayek (19 volumes)”, resume Hayek a 10 idéias-chave sobre o que fazer e não fazer durante uma recessão.

Aqui estão as 10 idéias hayekianas, alternativas a medidas keynesianas que demonstraram não funcionar durante os últimos 50 anos:

1. Recessões irão sempre acontecer. Alternância entre os períodos de crescimento econômico e períodos de estagnação ou declínio são uma parte necessária e inevitável de um mercado livre. As recessões não são aberrações, mas sim eventos dolorosos mas necessários para restabelecer o equilíbrio de uma economia.

2. Um estímulo só vai estimular o défice: a experiência do passado com as tentativas de alterar a economia mostram que políticas monetárias e fiscais anticíclicas podem muitas vezes ter resultados muito piores (como na década de 1970). Os políticos inteligentes devia pois ser aconselhados a não se intrometerem, por muito que os seus instintos lhes digam para mostrar aos eleitores que estão a fazer alguma coisa.

3. Um mercado puro laissez-faire também não funciona: são necessárias algumas regras para os indivíduos poderem realizar os seus planos e para o mercado a funcionar. São necessárias regras gerais, igualmente aplicáveis a todas as pessoas, destinadas a serem permanentes (ainda que sujeitas a revisão, com o crescimento do conhecimento) e que forneçam um quadro institucional no qual as decisões quanto ao que fazer e como ganhar a vida são deixadas para os indivíduos.

4. Planeamento central e regulamentação excessiva não funcionam: o desejo de planear e de submeter a economia aos caprichos dos Estados  colocam a liberdade em risco. Como Hayek observou de forma sucinta: “quanto mais o Estado planeia, mais difícil se torna o planeamento para os indivíduos.”

5. A economia é demasiadamente complexa para previsões precisas: como Yogi Berra disse: “Odeio fazer previsões econômicas. Especialmente sobre o futuro.” Não é que não saibamos nada sobre a economia, mas o que sabemos revela os limites de nosso conhecimento e, consequentemente, da nossa capacidade de planear centralmente.

6. Convém lembrar a regra das consequências imprevistas: a história mostra que quando se tenta atingir certos fins, em especial quando a sua realização implica interferir com o funcionamento dos mecanismos de preço das economias, todos os tipos de efeitos perniciosos ocorrerão, efeitos esses que não faziam parte do plano original

7. Muitos políticos e governantes fariam bem em assistir a umas aulas de Economia do 1º ano: enquanto Hayek repetidamente apontou para as limitações inerentes a uma disciplina que lida com um sistema complexo como a economia, os princípios básicos da economia de escassez, da oferta e da procura, da divisão do de trabalho, etc, podem explicar muito sobre o mundo e, mais importante, ajudar a excluir certas respostas políticas inadequadas (por exemplo, os preços máximos).

8. Convém esquecer a história da “justiça social”: os mercados livres conduzem necessariamente a uma distribuição desigual de riqueza e, inevitavelmente, levam por isso aos clamores para que haja “justiça social igualitária”. Tais clamores de “justiça” são injustificados uma vez que não têm nada a ver com um processo impessoal de mercado e são também perigosos uma vez que esquemas distributivos presumem que possuímos todo o conhecimento necessário que, de facto, nunca se pode possuir (ver #5).

9. Nada é melhor que o livre mercado: Hayek admitiu se tivéssemos mais conhecimento sobre o mesmo, poderíamos fazer muito mais para melhorar o mundo através de planeamento e regulação. Mas não sabemos. E o que sabemos, no mundo globalizado e disperso em que vivemos, é de facto devido ao funcionamento do mecanismo de mercado.

10. Como regra geral, as intervenções dos Governos não são apenas emendas piores do que o soneto, mas podem levar a problemas ainda mais sérios: quando se pensa que os burocratas têm incentivos para maximizar a burocracia; que os políticos procuram ser reeleitos e portanto têm um incentivo ao aumento da despesa e à diminuição de impostos, e que as empresas têm um incentivo para eliminar concorrentes quando conseguem influênciar os Governos e vivem à custa do Estado, conclui-se que o mercado livre continua a ser a nossa melhor opção (ver item 9).

(traduzido e adaptado a partir de “Hayek’s Top 10 Do’s and Don’ts in a Recession”)

 


05
Apr 11

Its My Life

I’ve got a reputation
People know who I am
Rules are mean’t to be broken
Can’t kill what you don’t understand
I see you running scared
I never knew you cared
Go and hide your head in the sand

Been to hell and back
I survived and that’s a fact

[Chorus]
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to
Do what I like
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to do…

[Verse]
My New Year’s resolution
Is always the same
Gonna do what I like
Gonna do what I want
‘Cause it’s just my way (yeah)
I don’t live for tomorrow
‘Cause at the end of the day
Gonna shout it from the roof
Better face up to the truth

[Chorus]
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to
Do what I like
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to
Do what I like
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to
Do what I like
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to do…

(Uhhh yeah)

[Solo]

[Verse]
Don’t need an invitation
I don’t play hard to get (no!)
Well I’m plain they claim
I can’t be tamed
You know it doesn’t matter
I’ll swear if I like
I’ll wear what I want

It’s my life (oh yeah)
And I’ll do what I want to (it’s my life)
Do what I want to
Do what I like (oh yeah)
It’s my life
And I’ll do what I want to (do what you like)
Do what I want to (do it, do it)
Do what I like (do it)
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to
Do what I like
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to
Do what I like
It’s my life (it’s my life)
And I’ll do what I want to
Do what I want to
Do what I like


05
Apr 11

43


01
Apr 11

A Comunicação do Sr Presidente da República (Deja Vú)

 

Sr Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, 31 de Março de 2011

“As eleições do próximo dia 5 de Junho irão, pois, decorrer num momento em que o País é confrontado, em simultâneo, com uma crise política,  [com uma crise financeira], com uma crise económica e com uma crise social.”

 

Sr Presidente do Conselho, António Oliveira Salazar, 25 de Maio de 1937

Desordem política – “Desde logo, o funcionamento irregular dos poderes públicos – um pouco causa e um pouco efeito de todas as outras desordens. Independentemente do valor dos homens e da rectidão das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supunham ser, por direito, os representantes da democracia; e exerciam de facto a soberania nacional, mas simultaneamente conspirando. A Presidência da República não tinha força nem estabilidade. O Parlamento oferecia constantemente o espectáculo do desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo, e escandalizava o País com o seu procedimento e a inferior qualidade do seu trabalho. Aos ministérios faltava coesão; não podiam governar, mesmo que alguns governantes desejassem fazê-lo. A administração pública, incluindo a das autarquias e a das colónias, em vez de representar a unidade e a acção progressiva do Estado, era pelo contrário símbolo vivo da falta de colaboração geral, da irregularidade, da desorganização que gerava, até nos melhores espíritos, o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.”

Desordem financeira – “Estreitamente ligada à desordem política, que envenenava toda a vida portuguesa, havia na Metrópole e nas colónias a desordem financeira e a desordem económica que, agravando-se mutuamente, agravavam a desordem política, num círculo vicioso de males nacionais. Esse estado de desequilíbrio financeiro, absorvia tanto as receitas normais como as dos novos impostos e taxas que o Parlamento votava. Não se sabia sequer como equilibrar o deficit que devorava as emissões de notas do Banco de Portugal e as disponibilidades da Nação, mobilizadas pelas emissões de títulos do Tesouro e pelas repetidas sangrias feitas à Caixa Geral de Depósitos. No orçamento, na tesouraria e em todas as contas, o exagero das autonomias, legais ou ilegais, e o atraso nos pagamentos, na liquidação , nas escrituras e na estatística estabeleciam a incerteza e a confusão.”

Desordem económica – “Tornado impotente pelas dificuldades políticas e embaraçado pelas dificuldades financeiras, o Estado não conservava, antes devorava a riqueza da Nação; e consumia ou deixava consumir o capital colectivo que recebera do passado e as enormas somas que lhe agravariam o futuro. Mas onde estaria a razão para surpresa se, por entre tão grandes males, as taxas eram de 11 por cento para as notas do Tesouro e de 15, 20 e mesmo 25 por cento para os contratos privados no País? Porque se surpreendiam com o facto de a produção nacional ser difícil e cara, vencida pela concorrência estrangeira no próprio mercado interno? Porque se admiravam por ver tão poucas pessoas a aventurar o seu dinheiro no alargamento ou melhoramento das suas propriedades urbanas ou rurais? A carestia de vida que então conhecemos era lógica; a falta de confiança no futuro de Portugal era fatal, tanto em casa como no estrangeiro, onde o nosso crédito se restringia lamentavelmente; era inevitável que os emigrantes abandonassem o País em número cada vez maior.”

Desordem social – “Um pouco a miséria, muito a indisciplina, a fraqueza dos governos, os compadrios e as cumplicidades equívocas, geraram a anarquia nas fábricas, nos serviços e na rua. Um regime de insegurança, de revoltas, de greves e atentados estabelecera-se no País. Quando a fraqueza dos governos não lhes permite garantir eficazmente o direito dos cidadãos, estes tomam nas suas mãos, anarquicamente, a defesa da própria vida, interesses e bens; ou deixam-se vencer e abater, dominados pelo terror de que uma minoria audaciosa se serve impunemente para violar a Justiça.”

NOTA: Para os palhaços que vão começar a espumar pela boca: não, não sou fascista; não sou salazarista; não sou de extrema direita. Mas assumidamente não sou democrata, sou republicano. E não gosto da extrema esquerda e do socialismo, são tão autoritários e colectivistas quanto a extrema direita e o fascismo. Sou individualista, capitalista (mas teso), neoliberal e minarquista. Como não sou democrata, no meu blog não há liberdade de expressão. Quaisquer comentários que considere abusivos ou que não goste não serão aprovados e vão directinhos para o caixote do lixo. Se se querem “exprimir” ide criar um blog num canto qualquer.