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Jul 11

Esoterica VII – Golias e o Ataque Atómico

… ou “como eu estive próximo de apanhar 3 anos de prisão por causa de incomodar a PT”. E não, não teve a ver com piratarias que eu não percebo nada disso.

Vou-vos então contar a história da bomba atómica.

As relações da Esoterica com o ICP (hoje Anacom), era de “profunda amizade”. Regularmente tinhamos uma visita deles, não necessariamente física. Uma vez foi por causa dos modems sem licença que estávamos a usar e que afinal estavam na lista de equipamento licenciado; outra vez foi para saber que raio de linha dedicada é que tínhamos, porque não estava registada na PT (pois não, dessa vez não fomos parvos, e em vez de pedir à PT uma linha dedicada de Lisboa a Londres encomendámo-la à British Telecom); outra vez foi para dizer que tínhamos de bloquear os ports onde passava Voice-Over-IP ( Vocaltec anyone?) porque não tínhamos licença para operar voz, era um monopólio da PT.

Endless fun.

O dia da bomba atómica chega quando aparece uma cartinha citação vinda do Palácio da Justiça. Ora então a Esoterica, nomeadamente o seu responsável (eu), era arguida(o) num processo crime pelo facto de ter estado a funcionar como operador de telecomunicações sem ter licença, crime esse pelo qual podia incorrer numa pena de prisão até 3 anos. Como disse atrás, endless fun…

Lá fomos. Não tínhamos guito para pagar a advogados, mas felizmente por essa altura já tínhamos tido um investimento por parte da Lusoholding e um dos administradores da Esoterica era advogado. (um dia destes também conto a história desse investimento e do filme com o Vasco Pereira Coutinho)

Pergunta daqui, pergunta dali, resposta à Sra Dra Juíza, falamos nós, fala alguém do ICP/Anacom (que já tinha trabalhado na PT) e tal e tal. Acabámos por demonstrar que tínhamos feito todos os esforços para saber que tipo de licença devíamos pedir e como a poderíamos obter. E fizémos de facto todos os esforços. Vim a saber mais tarde que andámos a ser empaliados deliberadamente para dar tempo que a PT/Telepac lançásse o seu serviço.

A coisa estava a ficar mais ou menos encaminhada mas ficou completamente resolvida num repente. Está o artista do ICP a responder e pergunta a Juíza : “então mas se estes senhores andaram quase 2 anos a operar sem licença, porque é que os senhores, que até tinham conhecimento das diligências deles, só agora interviram?”. E diz o tipo (mais ou menos por estas palavras): “ah, é que enquanto eles estavam mais ou menos caladinhos não se justificava. Mas oh sôtora, quando duas das pessoas que mais sabem de Internet no País começam a fazer publicidade e a dar conferências, já não pudémos fechar os olhos!”. Já foste…

A Juíza deu uma rabecada no ICP por causa de nos ter empaliado, criticou o facto de o ICP só ter intervido quando a Esoterica começou a parecer uma “ameça”, e mandou-nos para casa com a multa mínima para o crime (500 contos, 2500€).

Para que conste, portanto, eu já fui arguido. Excelente arma para me descredibilizar agora que o cabelo comprido já não serve. E arma eficaz quando me candidatar a primeiro ministro (isto para além do facto de usar o título de Eng. e não pagar as quotas da Ordem).

E não foi arguido numa merda qualquer no cível, não. Criminoso mesmo. Dá um certo estilo.