A Comunicação do Sr Presidente da República (Deja Vú)

 

Sr Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, 31 de Março de 2011

“As eleições do próximo dia 5 de Junho irão, pois, decorrer num momento em que o País é confrontado, em simultâneo, com uma crise política,  [com uma crise financeira], com uma crise económica e com uma crise social.”

 

Sr Presidente do Conselho, António Oliveira Salazar, 25 de Maio de 1937

Desordem política – “Desde logo, o funcionamento irregular dos poderes públicos – um pouco causa e um pouco efeito de todas as outras desordens. Independentemente do valor dos homens e da rectidão das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supunham ser, por direito, os representantes da democracia; e exerciam de facto a soberania nacional, mas simultaneamente conspirando. A Presidência da República não tinha força nem estabilidade. O Parlamento oferecia constantemente o espectáculo do desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo, e escandalizava o País com o seu procedimento e a inferior qualidade do seu trabalho. Aos ministérios faltava coesão; não podiam governar, mesmo que alguns governantes desejassem fazê-lo. A administração pública, incluindo a das autarquias e a das colónias, em vez de representar a unidade e a acção progressiva do Estado, era pelo contrário símbolo vivo da falta de colaboração geral, da irregularidade, da desorganização que gerava, até nos melhores espíritos, o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.”

Desordem financeira – “Estreitamente ligada à desordem política, que envenenava toda a vida portuguesa, havia na Metrópole e nas colónias a desordem financeira e a desordem económica que, agravando-se mutuamente, agravavam a desordem política, num círculo vicioso de males nacionais. Esse estado de desequilíbrio financeiro, absorvia tanto as receitas normais como as dos novos impostos e taxas que o Parlamento votava. Não se sabia sequer como equilibrar o deficit que devorava as emissões de notas do Banco de Portugal e as disponibilidades da Nação, mobilizadas pelas emissões de títulos do Tesouro e pelas repetidas sangrias feitas à Caixa Geral de Depósitos. No orçamento, na tesouraria e em todas as contas, o exagero das autonomias, legais ou ilegais, e o atraso nos pagamentos, na liquidação , nas escrituras e na estatística estabeleciam a incerteza e a confusão.”

Desordem económica – “Tornado impotente pelas dificuldades políticas e embaraçado pelas dificuldades financeiras, o Estado não conservava, antes devorava a riqueza da Nação; e consumia ou deixava consumir o capital colectivo que recebera do passado e as enormas somas que lhe agravariam o futuro. Mas onde estaria a razão para surpresa se, por entre tão grandes males, as taxas eram de 11 por cento para as notas do Tesouro e de 15, 20 e mesmo 25 por cento para os contratos privados no País? Porque se surpreendiam com o facto de a produção nacional ser difícil e cara, vencida pela concorrência estrangeira no próprio mercado interno? Porque se admiravam por ver tão poucas pessoas a aventurar o seu dinheiro no alargamento ou melhoramento das suas propriedades urbanas ou rurais? A carestia de vida que então conhecemos era lógica; a falta de confiança no futuro de Portugal era fatal, tanto em casa como no estrangeiro, onde o nosso crédito se restringia lamentavelmente; era inevitável que os emigrantes abandonassem o País em número cada vez maior.”

Desordem social – “Um pouco a miséria, muito a indisciplina, a fraqueza dos governos, os compadrios e as cumplicidades equívocas, geraram a anarquia nas fábricas, nos serviços e na rua. Um regime de insegurança, de revoltas, de greves e atentados estabelecera-se no País. Quando a fraqueza dos governos não lhes permite garantir eficazmente o direito dos cidadãos, estes tomam nas suas mãos, anarquicamente, a defesa da própria vida, interesses e bens; ou deixam-se vencer e abater, dominados pelo terror de que uma minoria audaciosa se serve impunemente para violar a Justiça.”

NOTA: Para os palhaços que vão começar a espumar pela boca: não, não sou fascista; não sou salazarista; não sou de extrema direita. Mas assumidamente não sou democrata, sou republicano. E não gosto da extrema esquerda e do socialismo, são tão autoritários e colectivistas quanto a extrema direita e o fascismo. Sou individualista, capitalista (mas teso), neoliberal e minarquista. Como não sou democrata, no meu blog não há liberdade de expressão. Quaisquer comentários que considere abusivos ou que não goste não serão aprovados e vão directinhos para o caixote do lixo. Se se querem “exprimir” ide criar um blog num canto qualquer.


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