27
May 11

MJ II – Concursos Públicos para Profissionais

A última polémica destas eleições, a questão dos concursos públicos à medida, fez-me lembrar mais uma historieta da minha passagem pelo Ministério da Justiça…

A certa altura um dos organismos do Ministério lançou um concurso para compra de um conjunto de equipamento configurado de determinada forma. Não era nada do outro mundo, eram p’raí 10 ou 12 mil euros. Mas era o suficiente para ter de se fazer consulta pública a pelo menos 3 fornecedores.

Chega o dia de ver as propostas e deparo-me com 3 propostas quase iguais. Tipo: uma tinha um parafuso a mais e custava mais 10€, a outra tinha uns cabos piores e custava menos, etc. Para além disso fez-me alguma espécie ver 3 propostas, apresentadas por 3 distribuidores/fornecedores diferentes, com praticamente o mesmo e exacto equipamento e configuração. Do mesmo fabricante.

Fiz meia dúzia de perguntas e fiquei esclarecido…

Então parece que é frequente acontecer isto: um fabricante quer ganhar um concurso; mas não quer apresentar só uma proposta e concorrer com outros fabricantes; pega em 3 dos seus distribuidores e são eles que concorrem, com uma proposta definida pelo fabricante com pequenas alterações para cada distribuidor e pequenas alterações de preço; umas vezes ganha um dos distribuidores, outras vezes ganha outro. WIN.

Como o ITIJ tinha de aprovar todas as despesas em tecnologias e sistemas de informação, o Conselho Directivo ao qual presidia não aprovou a despesa e anulou o concurso. Ainda se deu uma descasca nos responsáveis do organismo em causa. E uma stickada nos distribuidores e fabricante: voltavam a repetir a gracinha e ia tudo recambiado para as autoridades competentes.

(Eu sou assim, um gajo afável e tolerante, dou sempre uma 2a oportunidade às pessoas. Mesmo assim, à conta desta e doutras, não consigo mesmo arranjar amigos. E ainda dizem que tenho mau feitio. É uma injustiça.)

Quanto aos concursos feitos à medida que agora estão na berlinda, só tenho a dizer uma coisa: meninos. Não sabem fazer as coisas. Os verdadeiros profissionais dos concursos são muito mais sofisticados…

 

 


13
May 11

Esoterica VI – O Bin Laden das Diskettes

A notícia de que Bin Laden usava chaves USB para enviar email fez-me lembrar uma historieta…

No início da Esoterica, algures em 93, quando ela era apenas eu e o Luis Sequeira (mais tarde juntaram-se 3 sócios do Porto que não conheciamos de lado nenhum mas que queriam revender o serviço no Porto), apenas disponibilizavamos email e Usenet news. Não tinhamos uma linha dedicada, era tudo feito por ligações modem USR a intervalos regulares, usando o protocolo UUCP. Então e websites e tal? Não era problema, ainda não existiam websites.

Com modems a 9600 bps é bom de ver que a largura de banda existente não dava para tudo: só podiamos ligar durante X minutos, não podiamos ter a linha sempre ligada (uma fortuna em períodos telefónicos); o email não era problema, a não ser que alguém se lembrasse de enviar ficheiros em attach (coisa rara na altura); o email não era problema mas as news eram, especialmente se nos pediam (e pediam) grupos como alt.binaries.pictures.erotica.* ou o alt.binaries.software.

Vai daí então montámos a nossa própria SneakerNet: trabalhávamos ambos no LNEC, um dos únicos sítios em Portugal com acesso Internet permanente; duas vezes por dia, ao almoço e depois ao jantar, fazíamos o download das mensagens dos newsgroups mais interessantes ou requisitados; gravávamos em diskettes; e depois íamos ao servidor da Esoterica colocar as mensagens disponiveis localmente. A Amazon ainda não tinha aparecido, mas estávamos muito à frente dela.

E foi assim que eu me tornei o Bin Laden das diskettes.

 


09
May 11

PS e PSD: Programas Eleitorais em 100 Palavras

Sem grandes comentários e delongas, seguem os programas do PS e do PSD analisados sob a forma de tagcloud com as 100 palavras mais frequentes.

Tagcloud com programa eleitoral do PS

Tagcloud com programa eleitoral do PS

Tagcloud com programa eleitoral do PSD

Tagcloud com programa eleitoral do PSD

Ambos os partidos se preocupam com Portugal (antes fosse) e com o próprio partido (claro).

No programa do PSD agrada-me a referência ao “desenvolvimento” e às “empresas”. Preocupa-me aquele grande “Estado” ali no meio.

O programa do PS reconhece de alguma forma a importância da “economia”, algo bastante abstracto. Preocupa-me aquele “DEFENDER” (assim, em maiúsculas) e aquele “social”.

Em ambos os casos faz-me espécie não ver a palavra “Portugueses” destacada.


08
May 11

O que os Portugueses precisam de saber sobre a Finlândia


07
May 11

MJ I – Killer Despacho from Mars

Durante os meus 3 anos no Ministério da Justiça vi muito despacho com elaborada linguagem. Mas este que transcrevo ficou-me especialmente na memória…

“Acolhendo, por concordância, a presente informação e tudo quanto lhe está subjacente, que consubstancia o delineado plano global de informatização integral, impõem-se-me agora introduzir este projecto à superior ponderação de V. Exa.

Entre o tudo e todo o demais que tem de passar ao prudente crivo de V. Exa., ganha especial proeminência a aferição do mérito absoluto, bondade relativa, oportunidade e possibilidade efectiva do dispêndio econonómico-financeiro que ora se aponta realizar.

Coincidentemente, em razão do que pode ser a transformação decisiva que se anteolha como resultado útil de todo este esforço a empreender, não pode deixar de ser anotada para adequada avaliação neste instante inicial e preambular a susceptibilidade de a mudança – senão mesmo a sua sugestão – poder provocar incomodidade laboral, com os eventuais e consequentes movimentos.

V.Exa. melhor completará.”

Perceberam? Eu à primeira também não percebi. À segunda também não. Levei ao Hugo para ele ler e ele também não percebeu patavina. Levámos ao Rui e até ele teve alguma dificuldade…

Versão curta: “Se quer fazer a informatização integral, você é que sabe, veja lá se tem dinheiro suficiente. E prepare-se que o pessoal vai ficar chateado e ainda vêm para aí os sindicatos com protestos e o caraças. Tás sózinho.”