30
Sep 09

Quem é que Faz de Anjo

Eu disse que ia falar sobre este assunto e andei a arranjar vontade para o fazer. Como tenho andado a tomar o Cholagut e já me sinto melhor da figadeira, cá vai…

Esta coisa do empreendedorismo e das startups é uma coisa incerta, variável, dinâmica, imponderável, cheia de inesperados. É uma coisa que implica assumir, como hei-de dizer…: riscos. Como consequência tem-se obviamente que o financiamento deste tipo de projectos, implica, digamos, algum risco. Não é daquele risco tipo “vou andar de skate mas posso partir uma perna”, não. É mais daquele tipo “vou atravessar uma floresta em chamas infestada de leões e acredito que vou sair do outro lado incólume. Ou morto”. Se calhar é por isso que o investimento neste tipo de projectos se chama capital de risco. Digo eu.

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03
Sep 09

Estado faz de anjo

Eu até me apetecia escrever um post sobre isto http://is.gd/2OviQ mas pensando bem, não me apetece. Estou de férias, faz-me mal ao fígado, fica para a semana…


25
Aug 09

O Poder da Internet

“O poder da Internet deve servir o Mundo”

Não serve nem deve servir. A Internet serve o individuo, transfere poder das organizações e do colectivo para o individuo. Uma afirmação colectivista e socialista cuja consequência lógica é a submissão da Internet a uma qualquer entidade supranacional (ONU? EU?) e a retirada de direitos digitais aos cidadãos (confidencialidade, anonimidade, privacidade).

“A tecnologia não resolve problemas, as pessoas resolvem problemas.”

Precisamente. Pessoas. Possivelmente agregadas em grupos por vontade própria. O que não resolve problemas: colectivos impostos, partidos e políticos, entidades supranacionais e supraindividuo.

“Os políticos do presente e do futuro têm de orquestrar a inteligência colectiva.”

Não têm nada. A inteligência colectiva orquestra-se a si própria. A inteligência colectiva de uma colónia de formigas não é orquestrada por ninguém. A inteligência colectiva de um cérebro também não, não é preciso ninguém a orquestrar os neurónios.

“Devem impor-se pela confiança. O seu desígnio não é um conceito de justiça meramente formal, mas o desenvolvimento das capacidades para que cada um atinja o seu potencial.”

Cá está. Mais uma das várias afirmações que trai o tom geral da entrevista, um tom de descentralização, poder distribuido, capacidade dos individuos. No fundo, no fundo, as pessoas e cidadãos são umas bestas que precisam que os politicos se imponham e lhes orquestrem a vidinha para que possam atingir o seu potencial.

Para além do discurso bonito, é uma agenda compreensivel para quem representa não só uma multinacional mas também o poder politico (um partido).

Em tudo o resto é uma boa entrevista.


25
Aug 09

The Massive Attention Surplusses Reduction

In his latest post Seth Godin talks about an attention shortage (or drought) and the creation of an attention surplus due to the Internet.

This goes agains the theories of attention economies: “…in an information-rich world, the wealth of information means a dearth of something else: a scarcity of whatever it is that information consumes. What information consumes is rather obvious: it consumes the attention of its recipients. Hence a wealth of information creates a poverty of attention and a need to allocate that attention efficiently among the overabundance of information sources that might consume it”.

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26
Jul 08

Empreendedorismo III – Co-Fundadores

Path: mv.asterisco.pt!mvalente
From: mvale…@ruido-visual.pt (Mario Valente)
Newsgroups: mv
Subject: Empreendedorismo III – Co-Founders
Date: Sat, 26 Jul 08 00:12:21 GMT

Para alem das ideias, existe uma outra peca fundamental
que o empreendedor tem de conseguir encontrar e reunir ao
seu projecto ou ideia: os cofundadores.

Se muitas vezes o trabalho de pensar e idealizar um
projecto e um trabalho solitario, o trabalho de planear
e implementar um projecto e algo que nao pode ser feito
por um lobo solitario. Torna-se necessario juntar as
capacidades e esforcos de varias pessoas.

Sempre tive presente como constituintes basicos de
uma organizacao as pessoas, os processos e a tecnologia.
Dai que tambem tenha tido sempre na ideia que o minimo
para comecar uma empresa sao 3 pessoas: o responsavel pelas
pessoas (administrativo/financeiro), o responsavel pelos
processos (marketing/operacoes) e o responsavel pela
tecnologia (desenvolvimento/producao).

Note-se que o numero minimo de elementos necessarios
para comecar uma empresa nao e um (1): isso e freelancing.
Nao e dois (2): isso e um casamento (pior…). O numero
certo e tres (3). Nao e quatro (4) porque 4 sao dois
casamentos…

No livro “Beermat Entrepeneur” sao recomendados cinco (5):

http://www.amazon.co.uk/Beermat-Entrepreneur-Really-Great-Business/dp/0273659294
http://www.cognac.co.uk/files/beermat.pdf

A saber:

– The Entrepreneur (CEO,idea/promotion guy)
– The Technical Innovator (CTO, tech, geek)
– The Delivery Specialist (COO, operacoes)
– The Sales Guy (CMO, marketing, vendas)
– The Finance Guy (CFO, administracao, financas,o chato)

Nao se pode dizer que nao seja uma boa ideia. Mas por
vezes e bastante dificil conseguir o commitment de 5
pessoas. Se isso for possivel perfeito; se nao for possivel
o minimo necesario sao 3 pessoas e mais tarde a empresa pode
adicionar os 2 elementos em falta.

Escuso-me a colocar como hipotese startups com mais de
5 founders: isso e o caos ou a democracia, e nenhum deles
da bons resultados. Podem escolher qualquer numero para
o numero de fundadores desde que o total seja 3 ou 5…

A principal dificuldade nesta fase, conforme descrito por
John Nesheim no capitulo 3 do livro “High Tech Startup”, e
de facto conseguir o commitment (compromisso, no sentido
de “palavra”, interesse, disponibilidade) dos (pelo menos)
dois cofounders (ou, mais dificil, de quatro)

http://www.amazon.co.uk/High-Tech-Start-up-Successful-Companies/dp/068487170X
http://is.gd/14mE

Sendo certo que esta e uma fase excelente de teste para a
ideia do empreendedor, uma vez que os cofounders tem de ser
convencidos a juntar-se ao projecto e isso implica explicar
e “vender” o projecto e a oportunidade, tambem e certo que
os obstaculos a vencer nao sao triviais.

A incapacidade e incerteza de verem como realizavel uma
ideia muitas vezes fora do comum elimina muitos potenciais
candidatos. Os que restam, as vezes mais convencidos pelo
retorno financeiro do projecto do que pela ideia em si, sao
tambem aqueles que, quando contrapoem a seguranca de um
emprego e de um salario certo, acabam por considerar uma
aventura arriscada participar na criacao de uma empresa.

Nao e tambem de menosprezar antagonistas de peso nesta
fase do empreendedorismo: a familia e a sociedade.
A primeira porque, tipicamente, considera uma loucura
alguem meter-se num negocio proprio, deixando um emprego
seguro (ou pelo menos a ilusao do mesmo). O empreendedor
tem muitas vezes de convencer nao um cofounder, mas o
marido/mulher, os pais, etc
A segunda porque, na Europa em geral e em Portugal em
particular, coloca um estigma enorme no falhanco e/ou
na possibilidade de falhar. Ao inves de se entender um
projecto falhado como uma fase da aprendizagem, ele e
usado como “nodoa” e “prova” de quem nao vale a pena
correr riscos. Como se isso nao bastasse, caso o projecto
tenha sucesso e traga algum, pequeno ou grande, nivel
de liberdade e riqueza, a sociedade europeia e crista
tende tambem a tratar os empreendedores com inveja e
com desdem, nao sendo raros os fenomenos de criacao de
rumores sobre a proveniencia dos lucros e a sua
legitimidade.

A estrategia de resolucao deste quadro passa pela
definicao de papeis a desempenhar na startup em vez
de pensar em pessoas especificas. O empreendedor pode
entao e assim procurar e contactar potenciais cofounders
de entre os seus conhecimentos, garantindo que tem
competencias para desempenhas os papeis em causa.
Atraves de multiplos contatos com os multiplos
candidatos, o empreendedor pode ir medindo e avaliando
qual a disponibilidade e commitment possiveis por parte
das varias pessoas possiveis.
Adicionalmente esta definicao previa de papeis permite
que, por um lado, nao se criem ideias fixas sobre este
ou aquele cofundador, nao ficando a criacao da startup
dependente deste ou daquele “genio”, muitas vezes
ilusorio. Por outro lado, abrindo a porta a varias
possibilidades, permite que a startup, no momento da
criacao ou no futuro, nao esteja dependente da criacao
de um “dream team”, muitas vezes dificil de conseguir
e/ou de manter.

— MV