Que Futuro para as Democracias

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From: mvale…@ruido-visual.pt (Mario Valente)
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Subject: Que Futuro para as Democracias
Date: Mon, 02 Jul 07 20:23:21 GMT

Achei interessante o tema do mes do PlanetGeek.

No entanto nao me parece que a citacao que faco seja
muito do agrado geral dos envolvidos e da opiniao
vigente. E que o autor e “desagradavel” e nao e
considerado “politicamente correcto”. Mas, como dizia
Socrates (ou Platao?), la porque e um louco que grita
“o Sol amanha volta a nascer” isso nao faz da afirmacao
uma mentira.

Segue a citacao. Quanto ao autor, adivinhem.

“Um dos grandes erros do seculo XIX foi considerar que o
parlamentarismo ingles, a democracia inglesa, constituiam
um regime capaz de se adaptar a todos os povos. Eis aqui
o resultado: a democracia parlamentar conduziu por toda a
parte a instabilidade e a desordem, ou entao trannsformou-se
numa especie de dominacao absoluta dos partidos sobre a
verdadeira Nacao.

Desde logo [provocaram] o funcionamento irregular dos
poderes politicos – um pouco causa e um pouco efeito de
todas as outras desordens. Independentemente do valor dos
homens e da rectidao das suas intencoes, os partidos, as
faccoes e os grupos politicos supunham ser, por *direito*,
os representantes das democracia; e exerciam de facto a
soberania nacional, mas simultaneamente conspirando.

A Presidencia da Republica nao tinha forca nem estabilidade.
O Parlamento oferecia constantemente o espectaculo do
desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do
obstrucionismo, e escandalizava o Pais com o seu
procedimento e a inferior qualidade do seu trabalho.
Aos Ministerios faltava coesao; nao podiam governar, mesmo
que alguns governantes desejassem faze-lo. A administracao
publica, incluindo a das autarquias, em vez de representar
a unidade e a accao progressiva do Estado, era pelo
contrario simbolo vivo da falta de colaboracao geral, da
irregularidade, da desorganizacao que gerava, ate nos
melhores espiritos, o cepticismo, a indiferenca e o
pessimismo

Em geral, as democracias nao fizeram pelo povo aquilo
que regimes nao democraticos teriam podido fazer, e nao
e verdade que os regimes qualificados de liberais tenham
realmente salvaguardado as liberdades publicas.

Somos antidemocratas porque a nossa democracia, que
aparentemente se apoiava no povo e pretendia representa-lo,
chegou ao ponto de nao se lembrar do povo a nao ser no
momento das eleicoes.”

– autor portugues, 1936

— MV

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