Na segunda metade dos anos 80, teenager, comecei o meu percurso como hacker.
Ja’ desde o inicio dos anos 80, com 12 ou 13 anos, que “mexia” em computadores: ZX81, ZX Spectrum, Commodore 64, PC Amstrad. Mas foi a partir do momento que tive o primeiro modem (1200 baud) que comecei a fazer “asneiras”.
Noites longas a aceder ao pad X.25 da TAP para depois poder ligar ‘a borla para a PC Pursuit e para as BBS nos EUA, com o modem ligado ‘a ficha telefonica, algo ilegal na altura, e com o telefone embrulhado num cobertor para que os rintintins que ‘as vezes soavam nao acordassem a familia, pais especialmente.
Anyway…. Dos sentimentos e memorias que me ficaram foi a ideia de estar a usar algo revolucionario, para o que tambem contribuiu ler o Neuromancer de William Gibson, “inventor” da palavra cyberspace/ciberespaco. A ideia de que aquelas tecnologias iam mudar o mundo e eu, um puto de 16 anos num pais no cu da Europa, fazia parte de um grupo restrito de uns poucos milhares de pessoas, de varias partes do globo, ligadas entre si quando eram 4 da manha em Lisboa. Hoje sabemos ao que isso levou, nomeadamente ao que me permite escrever estas linhas.
Nos ultimos anos tinha vindo a sentir-me cada vez mais cansado, desiludido, insatisfeito e infeliz com o que andava a fazer, com as tecnologias, com o empreendedorismo, com a generalidade do “sistema” e com o malfadado país.
Nos ultimos 2 anos recuperei essas memorias e sentimentos de estar a participar em algo revolucionario, que vai mudar o mundo nos proximos 10/20/30 anos. Recuperei a satisfacao e contentamento de fazer parte de um grupo restrito de uns poucos milhares de pessoas em todo o mundo, ligadas entre si pelo metaverso das blockchain, independentes da sua localizacao geografica, do provincianismo daqueles que os rodeiam e dos sistemas sociais que os tolhem.
A unica diferenca e’ que sou um puto de 50 e poucos anos.
Ou, nas palavras imortais de Dereck Dick:
Cause the only thing misplaced was direction
And I found direction
There is no childhood’s end