Vim aqui ao Parque das Nações e vi duas coisas, o Campus da Justiça e os escritórios da Datelka, que me fizeram lembrar uma história engraçada.
Regularmente aparecem artigos ou reportagens do tipo “julgamento tem de ser repetido porque as gravações falharam”.
Porque é que isto acontece? Porque os tribunais ainda usam as velhinhas cassetes audio. Lembram-se?
Pois bem: o Ministério da Justiça deve ser o último e único cliente desta moderna tecnologia. Para além dos problemas de aprovisionamento, ainda acaba por pagar um prémio no preço por causa da escassez do produto (o mercado é uma coisa lixada; se calhar uma idéia é o Estado criar um Instituto para produzir cassettes audio).
Para além disso as cassettes, já de si pouco fiáveis, são reutilizadas e regravadas. Como quem fez muitas mixtapes saberá, não há cassette que aguente. Ao fim de X regravações a fita começa a deteriorar-se.
E pensais vós: “Porra, mas não era mais simples gravar digitalmente para MP3 ou coisa assim?”. Pois era. Mas não pode ser.
De acordo com os magistrados e juízes, a segurança das cassettes audio é muito maior. Podem ficar guardadas numa gavetinha ou num bolso. Essa coisa de digitalizar o audio e depois guardar em sistemas de gestão de conteudos em servidores centralizados num datacenter seguro é uma coisa do demo. Depois havia pessoas que ouviam as gravações e era uma chatice. É mais facil copiar as gravações das cassettes para CD e distribuir à malta.
A modernização tecnológica é uma maçada.