Este ainda não é o post com a bomba atómica do Golias. Esse vem mais tarde. Mas entretanto lembrei-me de um episódio que merece um curto post.
Aos belos dias de 18 e 19 de Março do ano 1996, a Esoterica estava presente na conferência Internet 96 organizada pelo Centro Atlântico.
Já tinhamos estado presentes no Internet 95, talvez a primeira conferência sobre Internet em Portugal e que decorreu da forma mais normal possível. Tirando o facto de termos sido nós a montar o stand, o que implicou algum cansaço e que fez com que o stand fosse uma bela bosta. Notem bem os cartazes foleiros, impressos a inkjet e depois fotocopiados para formatos maiores…
Mas, dizia eu, tinhamos ido ao Internet 96. Tudo muito bem e coisa e tal. Até que chega o momento do último debate do dia. O painel já era constituido por um grupo muito maior (7+1) de ISPs, bastante mais do que o painel idêntico no Internet 95 (3).
Eu já andava pelo nariz com as merdas da PT e da Telepac (ler os episódios anteriores da saga) e com os tempos que os ditos cujos demoravam a responder aos nossos pedidos de instalação de linhas dedicadas. Quando alguém da audiência perguntou porque é que não estávamos com mais POPs em mais zonas do País, respondi curto e grosso: “A Portugal Telecom demora deliberadamente as instalações de linhas dedicadas e, para além disso, recusa-se e anda a engonhar com os nossos pedidos de locação de equipamento nas centrais da PT, coisa a que são obrigados por lei”.
Oh! meu amigo… O Eng. Iriarte Esteves, na altura à frente da Telepac, levanta-se da audiência aos gritos: “ISSO É MENTIRA! NÃO É VERDADE!”… Coisa rara e nunca vista, alguém interromper uma resposta de um membro de um painel. Também raro e nunca visto alguém conseguir bater-me na falta de calma e de tacto…
Nunca cheguei a perceber o que é que seria mentira, se os atrasos ou se a obrigação de permitir o acesso às centrais. O resto do painel, até aí caladinhos que nem ratos, a seguir toca de confirmar a minha afirmação e toca de malhar na PT e na Telepac. Quanto ao Eng. Iriarte Esteves, quando a palavra foi devolvida para contraditório, tinha-se ido embora. As vantagens de um gajo ser quase monopolista é que pode mandar os outros todos badamerda.
Esta foi a parte do “Mentiras”…
A parte do “Sexo” tem a ver com outro “incidente” durante o Internet 96. Às tantas eu, o Pedro Ramalho Carlos (IP Global) e a Graça Carvalho (FCCN), começámos a falar da possibilidade de nos “casarmos” de alguma forma e tentar comprar e partilhar recursos. Fala daqui, fala de acolá, e chegámos à conclusão que o que seria melhor era criar um ponto de troca de tráfego em Portugal, para evitar que o tráfego de cada ISP fosse dar a volta aos EUA. Fomos falar com o Henrique Carreiro e desafiámo-lo a juntar-se a nós e anunciar no fim do congresso esse projecto conjunto. Nada feito. A Telepac, apesar de conversa em contrário (ver PS), só anos mais tarde chegou a participar no PIX, cobrando pela interligação e nunca tendo acedido a trocar tráfego com a Esoterica porque era um “operador pequeno”. A Telepac recusou durante muito tempo o ménage à…. uns quantos.
Finalmente, a parte do “Video”: um dia destes, quando tiver tempo, digitalizo o vídeo e coloco aqui no blog.