Usenet2

Forums electronicos: sucesso ou fracasso? Usenet II, brevemente num
server perto de si (c) Mario Valente, 1997

Introducao Ja vai para mais de um ano (dois?) que me foi proposto e
que me comprometi a escrever um artigo para o JnoUP. O tempo que passou
entretanto nao foi concerteza birra por o JnoUP ter ficado alojado na
IP e nao ter usado a oferta da Esoterica para uso de espaco :-). Alego,
parafraseando o Jose Antonio Chagas Machado, editor de servico do JnoUP,
infeccao do famoso virus “falta de tempo”. Esse tempo, no entanto,
tem sido utilizado na exploracao de tecnologias e de novos servicos,
obviamente com o objectivo de melhorar os servicos da Esoterica e de a
tornar cada vez maior e melhor. No entanto algumas dessas exploracoes
acabam tambem por ter reflexo e aplicacoes nao so na “nossa” Usenet
(a hierarquia pt.*), mas tambem na Usenet mundial, ou melhor dizendo,
nos varios forums electronicos de discussao.

O servico de news, newsgroups, grupos de discussao, conferencias,
Usenet, etc o que se lhe quiser ou desejar chamar, sempre foi, para mim,
o servico mais interessante de toda a Internet.

Ao IRC pouca piada acho: alem de ter apanhado uma barrigada do genero
quando tinha 16 anos (ja la vao 13) a usar a QSD e outros (lembra-se
disto quem andava na altura pelas BBSs), acho que o meio, por exigir
a presenca permanente dos interlocutores para existencia de dialogo, e
pouco maleavel, levando ao uso permanente de pequenas frases ou ditos,
normalmente abreviados, que pouco contribuem para uma discussao ou
conversa civilizada. O email, sendo um dos servicos que mais uso, tem
sempre a limitacao de ser one-on-one, de se ter apenas um interlocutor. As
mailing lists nao sao alternativa (sabe-o bem quem ja assinou meia duzia
delas e viu a sua caixa de correio inundada). O FTP e interessante
quando e necessario; ou quando se e um “coleccionador” (por falta de
melhor palavra :-) de software e se ve algum objectivo em ocupar 100 Mb
de disco rigido com a ultima versao (zippada!) do pacote 3D XPTO que
nao se sabe usar nem se pensa em tal fazer. Tendo criado o primeiro
servidor WWW em Portugal (no Laboratorio Nacional de Engenharia Civil),
tenho que me confessar sinceramente desiludido com o meio. Consegue
ser pior do que uma televisao pimba em que qualquer desclassificado
pode fazer um programa. “Surfar” na Web e para mim o equivalente a ver
televisao… mexicana….com programas compactos de novelas.

Sao de facto os forums de discussao que tem o factor mais interessante
da tecnologia Internet: as pessoas, juntas em grupos, trocando ideias.

Digo forums de discussao, independentemente de serem grupos da Usenet,
conferencias da Fidonet ou ate mesmo mailing lists ou chat boards na Web;
este tipo de meio nao apareceu por causa da Internet, sempre existiu sobre
outras tecnologias (que saudades das bem frequentadas conferencias da
Fidonet, na Visus, na CATS, na Skyship e outras tantas). Alias, a rede
de mensagens Usenet foi inicialmente criada funcionando em cima da rede
mundial de UUCP e nao da rede mundial de TCP/IP, hoje conhecida como
a Internet.

Uso e abuso actual da Usenet Muito do meu tempo, dizia eu, tem sido
entao usado nao so na gestao da empresa que fundei, mas na gestao,
exploracao e participacao do meu meio preferido: os forums de discussao,
ou, usando o termo mais frequente, os grupos de news/newsgroups.

“The medium is the message” diz McLuhan e diz bem. Na Usenet existem duas
entidades que estao, de momento, obviamente em conflito: as pessoas e
a tecnologia. O meio permite ou obriga a determinado tipo de mensagens;
as pessoas pretendem transmitir ideias, emocoes e opinioes; no caminho
que vai do emissor ao receptor, acontece um processo semi aleatorio, que
transforma e deforma a mensagem Usenet, resultando uma serie de erros,
desastres e incompreensoes quando nao insultos, difamacao ou mesmo crime.

Senao vejamos: se ha algo que frequentemente acontece nos newsgroups
e que e irritante e o spam, ou seja, o envio em massa de mensagens
para multiplos grupos sendo que o conteudo destas nada tem a ver com
o assunto de cada grupo em si. Razao ? Ha quem ache que a sua mensagem
ou produto deva ser divulgado a todo o mundo ou a toda a gente; como a
tecnologia Usenet o permite, fa-lo. “The medium is the message”…. Neste
caso a tecnologia (ou a falta dela) permite nao so o uso, mas tambem
o abuso. Nao esta em falta a tecnologia mas sim as pessoas e o uso que
fazem dela. No entanto a tecnologia pode e deve mudar. Outro exemplo:
e sabido que atraves dos meios electronicos, em particular o email ou
as news, e dificil ou impossivel transmitir mensagens da mesma forma
que pessoalmente. A principal razao e a falta da linguagem nao verbal,
do sorriso, do gesto de maos, do franzir do sobrolho. Por muitos smileys
que se use para salpicar a mensagem, esta tem sempre o potencial de ser
mal entendida, do receptor nao perceber a intencao desta ou daquela
frase. Resultado ? As “agradaveis” flame wars, em que quem tem pouco
que fazer se alegra num bate boca imenso, sem tino nem objectivo que
nao seja o “eu fui o ultimo a insultar”. Exemplo final: os anonimos,
os nao identificados, os alias, as mensagens forjadas ou falsificadas,
fazendo-se passar por terceiros (o que e punido por lei), as Lenas e
outros vermes. A tecnologia permite, logo, o utilizador usa. “The medium
is the message”. E a mensagem inicial, normalmente inane, estupida ou
abusiva, e rapidamente transformada em chamadas heroicas para o direito
de privacidade, para o direito a anonimidade, para a censura. “The medium
is the message”. A tecnologia permite a anonimidade ou a falsificacao,
logo o chico esperto usa.

E chegamos ao estado da arte actual da Usenet: na maioria dos grupos
o racio informacao/ruido e praticamente nulo; sao colocados artigos
em grupos onde nada tem a ver; todos se acham detentores do maior item
informativo da Historia da Humanidade e portanto e de bom tom enviar o
artigo para todos os grupos disponiveis; grassa o insulto e a difama&cc

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