Investir em Projectos ou Investir em Pessoas

Idea Production Machine

Idea Production Machine

Enquanto estava a escrever este post pus-me a pensar e ocorreu-me uma coisa…

A SeedCapital investe todos os semestres em 2 ou 3 projectos. Os investimentos situam-se entre os 15 e os 30 mil euros, dependendo do estágio do projecto.

Vamos assumir que investe em 5 projectos por ano e em cada projecto investe 15 mil euros. Contas feitas são 75 mil euros de investimento, por 5 projectos/startups.

Não seria mais eficiente contratar uma equipa de, digamos, 3 pessoas (backend engineer/programmer, frontend engineer/designer/UX, marketing and sales guy/girl) e passar a realizar projectos internos (49 ideias na lista, provavelmente nem todas são um negócio)? É evidente que as contas não são assim tão simples (IRS, SS, etc), mas mesmo assim ainda são 25 mil euros por pessoa (+- 2000 euros por mês). Já é razoavel, especialmente se, para além da remuneração garantida, tivessem também uma participação como acionistas em qualquer um dos projectos. Se se considerásse como hipotese recorrer a programadores estrangeiros (indianos, chineses, russos, etc.) o que não seria o caso, uma vez que prefeririamos trabalhar com pessoas locais, então era ainda mais atractivo.

Com uma equipa interna permanente e especializada (pronto, ninjas, rockstars, samurais, ou lá o que lhe queiram chamar) podia entrar-se em modo MVP, um/1 site/ideia/projecto por mês, release early release often. E eram 12 projectos por ano em que se atirava o barro à parede com esses projectos. Algum havia de “colar”. Ter uma carteira com o maior numero possivel de investimentos é uma das boas práticas do investimento e uma forma de espalhar o risco. É uma questão de probabilidades.

Funcionava? Ou não? Any takers (mvalente@maverick.pt)? O que é que pode justificar não o fazer e continuar a investir em projectos? Gostava de ouvir opiniões.

26 comments

  1. E o que impede os coders estrangeiros de ficarem com as tuas ideias e deixarem-te de fora. Tipo zuckerberg a sacar a ideia aos tipos da canoagem :)

    • >E o que impede os coders estrangeiros de ficarem com
      > as tuas ideias e deixarem-te de fora. Tipo zuckerberg
      >a sacar a ideia aos tipos da canoagem :)
      >

      Qual foi a parte de “Se se considerásse como hipotese recorrer a programadores estrangeiros, o que não seria o caso uma vez que prefeririamos trabalhar com pessoas locais” que não percebeste?

      — MV

    • ffs… esse medo de alguém roubar ideias é algo que me tira do sério:
      1. a ideia não vale nada. vale a implementação.
      2. há muito mercado para tudo.
      3. o zucka não roubou nada a ninguém. as ideias são de borla, a implementação é que sai do corpo de cada um.
      4. se eu contar as ideias que tenho apontadas a alguém, chamam-me louco e dizem que sou idiota em vez de as implementarem.

      srsly… menos medo de corsários a roubar ideias e mais implementação, sff.

  2. Motivação, associada com a sensação de “ownership” do projecto, poderá ser uma barreira, mas penso q poderá ser definido um sistema d incentivos para contrabalançar um pouco isso.

    Colocando a questão do ponto de vista do developer ninja empreendedor, será q ele aderia a uma coisa dessas qdo podia desenvolver o próprio projecto?

    A betaworks (US) parece ter um modelo similar.

    • >Motivação, associada com a sensação de “ownership”
      >do projecto, poderá ser uma barreira,
      >

      Vide acima: “se, para além da remuneração garantida, tivessem também uma participação como acionistas”

      >Colocando a questão do ponto de vista do developer
      > ninja empreendedor, será q ele aderia a uma coisa
      >dessas qdo podia desenvolver o próprio projecto?
      >

      Remuneração fixa e garantida + participação acionista. Se calhar
      aderia. Mas é a pergunta que faço no post, “dont restate the case”

      — MV

  3. com várias equipas/empresas consegues ter várias dinâmicas do pessoal e atingir caminhos diferentes na evolução do mvp. se as equipas forem construidas já com a ideia de negócio em mente, mais se evidencia.

    melhor que ter 3 pessoas boas e compatíveis, é apostar em vários conjuntos de 3.

  4. @damiansen

    “Pessoalmente, s dedicar o meu tempo livre a 10 projectos ao mesmo tempo por exemplo, não irei obter o mesmo resultado do que s me focar em um só”

    Tendo em conta q os projectos seriam desenvolvidos sequencialmente não estou a ver pq é q isso aconteceria.

    >Contra argumento: se diversificação de portfolio não é a unique >variavel q interessa. S fosse, porque é q investiram nas 5 startups e >não alocaram todo o dinheiro na estratégia delineada neste post?
    >

    Ahm… Pq somos parvos? Pq achamos q se calhar vale a pena acreditar em Portugal? Pq isso só nos ocorreu agora e é por isso que escrevi o post? Pq não queremos andar a fazer micromanagement e prefiros que as pessoas tenham controle e responsabilidade sobre os proprios projectos? Pq acreditamos que se calhar nao temos as melhores ideias e outros são mais capazes de as ter? Pq preferimos colaborar em vez de mandar? Pq sou lirico e sonhador?

    Assim de repente são algumas das justificações que serviriam de justificação.

    — MV

    • “Pq somos parvos” e o paragrafo seguinte foi um comentário um “pouco” off.

      Estava a raciocinar a questão numa perspectiva diferente. Um investidor têm alternativas d investimento e aloca capital onde tem melhores prespectivas d retorno.
      A minha questão foi no sentido d perceber qual era o raciocinio por trás dessa escolha nesta perspectiva (alocação d capital).

      Não me parece q “serem parvos” seja um argumento raciocinal… #SixThinkingHats

      • >“Pq somos parvos” e o paragrafo seguinte foi um
        >comentário um “pouco” off.

        >A minha questão foi no sentido d perceber qual era o raciocinio por >trás dessa escolha nesta perspectiva (alocação d capital).
        >
        Cool! MBA bullshit!…

        >Não me parece q “serem parvos” seja um argumento raciocinal…
        >

        Porra. Falhei. Nao percebeste a ironia.

        — MV

  5. Carlos Lisboa

    Só vejo um problema, se a ideia é diversificar, com esta forma de trabalhar consegue-se ter uma multitude de projectos mas continua-se a depender de um número restrito de pessoas (3 neste caso), o que também poderá ser um risco.

  6. acho que uma equipa de 3 pessoas, trabalhar em 12 projectos, mesmo que sequenciais é arriscado.. parece-me que no long-term o retorno efectivo iria ser menor que o modelo que agora existe.
    Pq? Porque não vai haver um amadurecimento da ideia, nem um conhecimento aprofundado do mercado e das necessidades.
    O produto iria ser apenas um esboço, algo feito em cima do joelho.. a motivação da equipa iria decrescer ao longo do tempo (falta de resultados visíveis), eventualmente uma exaustão de reformatar a forma de pensar a cada 30 dias.. etc

    São alguns cenários que consiro prováveis nesse regime. Acho que um ecosistema de pessoal especializado, a fazer aquilo “que quer” tem mais chances de sucesso. E nem falo na paixão pelo projecto ou o amor à camisola. A “fome” da conquista vai crescendo ao longo do tempo.. e isso não acontece se tiveres sempre a cozinhar pratos diferentes ;)

    • >Acho que um ecosistema de pessoal especializado,
      >a fazer aquilo “que quer” tem mais chances de sucesso
      >

      Pois. É aquilo q temos acreditado e feito até agora. A questão é se é sustentavel e se vale a pena continuar a apostar (advogado do diabo).

      — MV

      • Vale.. primeiro domina o jogo, e depois faz “raise”

        Futebolisticamente falando: “Em equipa que ganha… não se mexe.” Mas se mexeres também tens a hipotese de ganhar por mais..

        Acho que o “melhor conhecimento” é quando o vivemos, quando sentimos a experiência na pele. A experimentação moderada (não hipotecando o futuro – não acredito em all-ins) é algo bastante valioso.

        Teoricamente, quanto maior a ambição, maior é o risco/sacrifício a que tens de estar disposto para conquistar o objectivo.

  7. Indo directo ao assunto: Connosco funciona bem. A minha ideia com a empresa sempre foi essa, ter uma equipa que funcione muito bem (já a tenho) para lançar projectos a cada 3/4 meses. Infelizmente falta o capital para estar a pagar a equipa a fulltime o ano todo, dai aceitarmos projectos para fora. Mas so far, so good. Eu aposto nas pessoas, os projectos aparecem.

  8. Como é que gerias toda a parte de inovação relativamente a um produto?

    Isto é…
    Hoje lanças um produto e ele tem sucesso. Excelente! Mas se amanhã vais começar outro produto vais deixar o “produto de sucesso” tal como está? Não inovas? Não atendes às necessidades/exigências do público e do mercado?

    Ou mal um produto tem sucesso quebras esta tua aposta de 12 produtos/ano e focas-te apenas nesse tal “produto de sucesso”?

    P.S. – O que dizes da approach do Yuri Milner quando só investe em startups já muito bem definidas (Facebook, Zynga, etc) ou quando vai para a Y Combinator investir em startups q já passaram por um periodo de selecção prévio?
    (atenção, não percebo gd coisa relativamente a VCs, BAs, modelos de retorno, etc, etc)

    • >Hoje lanças um produto e ele tem sucesso. Excelente!
      >Mas se amanhã vais começar outro produto vais deixar
      > o “produto de sucesso” tal como está? Não inovas?
      >Não atendes às necessidades/exigências do público e
      >do mercado?
      >

      Se o produto tem sucesso é pq gera receitas. Se gera receitas
      pode ser contratada um equipa para manter esse projecto
      em andamento, sob supervisao da equipa original.

      >Ou mal um produto tem sucesso quebras esta tua aposta de 12 >produtos/ano e focas-te apenas nesse tal “produto de sucesso”?

      Obviamente é uma 2a hipotese.

      — MV

  9. Investir em projectos com as pessoas/equipas certas, que apresentem vantagens em termos de envolvimento, compromisso, vontade, etc.

    3 MVP não fazem obrigatoriamente uma boa equipa, além disso o envolvimento com o projecto x pode ser óptimo e no projecto y ser péssimo.

  10. Eu aprecio muito a ‘fórmula’ que o Eike Batista http://www.eikebatista.com.br, um dos empresários com mais sucesso no Brasil/Mundo, o de criar vários ‘departamentos’ fundamentais para sucesso dentro da empresa ou grupo, sendo esses departamentos especializados e que garantam de facto o sucesso para que os projectos possam nascer, viver e crescer sem muitos riscos de fracassar, já que por experiência própria verifico que por vezes grandes projectos/ideias não têm sucesso porque falta de facto os ‘alicerces’ e ‘estrutura’ não existem.
    Para reflectir …

  11. Partindo do princípio que queres apostar em projectos verdadeiramente inovadores e não só “coisas que possam talvez – quem sabe – vir a fazer dinheiro”:

    Não acredito que se possa pensar numa equipa de desenvolvimento como uma fábrica de salsichas onde existe um mastermind que tem uma idéia “brilhante” e que delega numa equipa de operários (mesmo que competentes) e depois parte para outra.

    Um produto para ter sucesso precisa de uma implementação impecável, com muita atenção ao detalhe e pormenor, uma equipa que não queira somente executar a idéia só porque o chefe disse e 2 meses depois tem de partir para outra.

    A equipa precisa de comer e respirar o seu produto todos os dias, dar o litro durante 1, 2 anos ou mais. Esta equipa não pode estar constantemente a saltar de projecto em projecto só porque sim.

    E delegar a continuação da inovação numa segunda equipa de “back-end” não funciona. Penso que o mundo “empresarial” já tem o número suficiente de equipas de manutenção frustradas que herdaram código dos “cabeças” da equipa de Engenharia. O trabalho acabou de começar quando se diz “está pronto”.

    Na minha opinião é preciso a combinação rara de uma idéia inovadora e uma equipa de especialistas (e não de generalistas) para que um produto se possa chamar de sucesso.
    Se não, estamos só a fazer mais do mesmo, ligeiramente diferente, e partir para outra, à espera que uma delas cole.
    Onde está a inovação nisso?

    Se a minha premissa inicial está errada, então peço desculpa pelo mal entendido.

  12. Do ponto de vista de um financeiro funcionava pois conseguirias diminuir a exposição ao risco e maximizavas as probabilidades de retorno (assumindo que os projectos não se posicionam todos no mesmo “sítio” da carteira, contrabalançando os mais arriscados com os mais seguros – uns com maiores “betas” e outros com menores). Do ponto de vista dos custos, é inevitável (e triste…) verificar que a fatia fixa de impostos sobre o trabalho numa equipa interna de MVPs reduziria o retorno em comparação com soluções de trabalho mais flexível… Talvez uma solução mista com MVPs e freelancers mais baratos te proporcionasse maiores economias de escala (e melhores custos unitários).
    Neste contexto, a ideia de associares os MVPs ao seu retorno accionista é fundamental para teres alinhamento. Mas tens um problema nesta solução: à medida que lanças 1 projecto por mês com a mesma equipa (e sabendo que os projectos continuam a viver além desse mês em que já estás num outro projecto), como garantes o fluxo com a qualidade e o controlo dos deliverables que pretendes? Só com muito esforço teu (ou de alguém) que faça uma gestão de projectos muito eficaz pois gerir uma carteira de investimentos em multitasking é extremamente desafiante. Ou seja, a pedra de toque nesta solução e o seu maior desafio é, de facto, a gestão do portfolio de investimentos durante as várias fases dos projectos. E, para isso, tens de ter uma excelente gestão de projectos.

  13. Segundo percebo com “investir em projectos” queres dizer investir em empreendedores com ideias próprias e modelos de execução e negócio próprios, e com “investir em pessoas” queres dizer, investir em empregados/mão-de-obra para executar as tuas ideias.
    São modelos completamente diferentes, não há melhor nem pior. Quanto à ideia de implementar um projecto/negócio num mês (executar, testar, entrar/criar/procurar o mercado, iterar, etc.) com uma equipa de três pessoas… o mais certo é chegar-se ao final do mês e não se conseguir ter a certeza se tem potencial ou não: um membro da equipa acha que sim, “só precisamos de investir mais dois meses e mudar o projecto ligeiramente na direcção X” o segundo tb acha que sim mas “temos que contratar mais duas pessoas para equipa e trabalhar mais 4 meses, e ir na direcção Y, vai ser um sucesso estrondoso”o terceiro acha que não “isto não vai dar certo, nem por nada” . Em que ficamos? matamos o projecto e desmoralizamos dois dos três membros da equipa? Quem decide? Como estará o moral da equipa no mês 8 com 8 projectos mortos?

    • >o mais certo é chegar-se ao final do mês e não se conseguir ter a certeza se >tem potencial ou não: um membro da equipa acha que sim,
      >

      Não é suposto ser uma democracia…

      >Quem decide?
      >

      Eu.

      — MV