30
Sep 09

Quem é que Faz de Anjo

Eu disse que ia falar sobre este assunto e andei a arranjar vontade para o fazer. Como tenho andado a tomar o Cholagut e já me sinto melhor da figadeira, cá vai…

Esta coisa do empreendedorismo e das startups é uma coisa incerta, variável, dinâmica, imponderável, cheia de inesperados. É uma coisa que implica assumir, como hei-de dizer…: riscos. Como consequência tem-se obviamente que o financiamento deste tipo de projectos, implica, digamos, algum risco. Não é daquele risco tipo “vou andar de skate mas posso partir uma perna”, não. É mais daquele tipo “vou atravessar uma floresta em chamas infestada de leões e acredito que vou sair do outro lado incólume. Ou morto”. Se calhar é por isso que o investimento neste tipo de projectos se chama capital de risco. Digo eu.

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03
Sep 09

Estado faz de anjo

Eu até me apetecia escrever um post sobre isto http://is.gd/2OviQ mas pensando bem, não me apetece. Estou de férias, faz-me mal ao fígado, fica para a semana…


26
Jul 08

Empreendedorismo III – Co-Fundadores

Path: mv.asterisco.pt!mvalente
From: mvale…@ruido-visual.pt (Mario Valente)
Newsgroups: mv
Subject: Empreendedorismo III – Co-Founders
Date: Sat, 26 Jul 08 00:12:21 GMT

Para alem das ideias, existe uma outra peca fundamental
que o empreendedor tem de conseguir encontrar e reunir ao
seu projecto ou ideia: os cofundadores.

Se muitas vezes o trabalho de pensar e idealizar um
projecto e um trabalho solitario, o trabalho de planear
e implementar um projecto e algo que nao pode ser feito
por um lobo solitario. Torna-se necessario juntar as
capacidades e esforcos de varias pessoas.

Sempre tive presente como constituintes basicos de
uma organizacao as pessoas, os processos e a tecnologia.
Dai que tambem tenha tido sempre na ideia que o minimo
para comecar uma empresa sao 3 pessoas: o responsavel pelas
pessoas (administrativo/financeiro), o responsavel pelos
processos (marketing/operacoes) e o responsavel pela
tecnologia (desenvolvimento/producao).

Note-se que o numero minimo de elementos necessarios
para comecar uma empresa nao e um (1): isso e freelancing.
Nao e dois (2): isso e um casamento (pior…). O numero
certo e tres (3). Nao e quatro (4) porque 4 sao dois
casamentos…

No livro “Beermat Entrepeneur” sao recomendados cinco (5):

http://www.amazon.co.uk/Beermat-Entrepreneur-Really-Great-Business/dp/0273659294
http://www.cognac.co.uk/files/beermat.pdf

A saber:

– The Entrepreneur (CEO,idea/promotion guy)
– The Technical Innovator (CTO, tech, geek)
– The Delivery Specialist (COO, operacoes)
– The Sales Guy (CMO, marketing, vendas)
– The Finance Guy (CFO, administracao, financas,o chato)

Nao se pode dizer que nao seja uma boa ideia. Mas por
vezes e bastante dificil conseguir o commitment de 5
pessoas. Se isso for possivel perfeito; se nao for possivel
o minimo necesario sao 3 pessoas e mais tarde a empresa pode
adicionar os 2 elementos em falta.

Escuso-me a colocar como hipotese startups com mais de
5 founders: isso e o caos ou a democracia, e nenhum deles
da bons resultados. Podem escolher qualquer numero para
o numero de fundadores desde que o total seja 3 ou 5…

A principal dificuldade nesta fase, conforme descrito por
John Nesheim no capitulo 3 do livro “High Tech Startup”, e
de facto conseguir o commitment (compromisso, no sentido
de “palavra”, interesse, disponibilidade) dos (pelo menos)
dois cofounders (ou, mais dificil, de quatro)

http://www.amazon.co.uk/High-Tech-Start-up-Successful-Companies/dp/068487170X
http://is.gd/14mE

Sendo certo que esta e uma fase excelente de teste para a
ideia do empreendedor, uma vez que os cofounders tem de ser
convencidos a juntar-se ao projecto e isso implica explicar
e “vender” o projecto e a oportunidade, tambem e certo que
os obstaculos a vencer nao sao triviais.

A incapacidade e incerteza de verem como realizavel uma
ideia muitas vezes fora do comum elimina muitos potenciais
candidatos. Os que restam, as vezes mais convencidos pelo
retorno financeiro do projecto do que pela ideia em si, sao
tambem aqueles que, quando contrapoem a seguranca de um
emprego e de um salario certo, acabam por considerar uma
aventura arriscada participar na criacao de uma empresa.

Nao e tambem de menosprezar antagonistas de peso nesta
fase do empreendedorismo: a familia e a sociedade.
A primeira porque, tipicamente, considera uma loucura
alguem meter-se num negocio proprio, deixando um emprego
seguro (ou pelo menos a ilusao do mesmo). O empreendedor
tem muitas vezes de convencer nao um cofounder, mas o
marido/mulher, os pais, etc
A segunda porque, na Europa em geral e em Portugal em
particular, coloca um estigma enorme no falhanco e/ou
na possibilidade de falhar. Ao inves de se entender um
projecto falhado como uma fase da aprendizagem, ele e
usado como “nodoa” e “prova” de quem nao vale a pena
correr riscos. Como se isso nao bastasse, caso o projecto
tenha sucesso e traga algum, pequeno ou grande, nivel
de liberdade e riqueza, a sociedade europeia e crista
tende tambem a tratar os empreendedores com inveja e
com desdem, nao sendo raros os fenomenos de criacao de
rumores sobre a proveniencia dos lucros e a sua
legitimidade.

A estrategia de resolucao deste quadro passa pela
definicao de papeis a desempenhar na startup em vez
de pensar em pessoas especificas. O empreendedor pode
entao e assim procurar e contactar potenciais cofounders
de entre os seus conhecimentos, garantindo que tem
competencias para desempenhas os papeis em causa.
Atraves de multiplos contatos com os multiplos
candidatos, o empreendedor pode ir medindo e avaliando
qual a disponibilidade e commitment possiveis por parte
das varias pessoas possiveis.
Adicionalmente esta definicao previa de papeis permite
que, por um lado, nao se criem ideias fixas sobre este
ou aquele cofundador, nao ficando a criacao da startup
dependente deste ou daquele “genio”, muitas vezes
ilusorio. Por outro lado, abrindo a porta a varias
possibilidades, permite que a startup, no momento da
criacao ou no futuro, nao esteja dependente da criacao
de um “dream team”, muitas vezes dificil de conseguir
e/ou de manter.

— MV


20
Mar 08

Empreendedorismo II – Ideias e Inovacao

Path: mv.asterisco.pt!mvalente
From: mvale…@ruido-visual.pt (Mario Valente)
Newsgroups: mv
Subject: Empreendedorismo II – Ideias e Inovacao
Date: Thu, 19 Mar 08 17:26:21 GMT

Se a tarefa fundamental de um empreendedor e procurar
recursos para implementar as suas ideias (ao inves de
procurar ideias para empregar recursos), nao e no entanto
de menosprezar o recurso inicial: as proprias ideias de
negocio, preferencialmente inovadoras. Como diz Schumpeter,
esse potencial de “creative destruction” e o que constitui
o verdadeiro empreendedorismo e o verdadeiro progresso; mais
do que isso, e a unica forma de os paises e as nacoes criarem
riqueza.

http://www.amazon.co.uk/Capitalism-Socialism-Democracy-Joseph-Schumpeter/dp/0415107628/

O livro de Drucker indica uma serie de fontes que podem servir
de deteccao de novas ideias e inovacoes, a saber: o inesperado,
as incongruidades, os processos ineficientes, alteracoes nas
estruturas de mercado/industria, alteracoes demograficas, alteracao
nas percepcoes e finalmente o novo conhecimento.

http://www.amazon.co.uk/Innovation-Entrepreneurship-Practice-Principles-Drucker/dp/0750643889/

E costume usar-se a palavra “visionario” para descrever alguns
empreendedores, muitas vezes com um segundo sentido (pejorativo),
na visao do empreendedor como um “iluminado” ou um “louco”. Nem
uma nem outra perspectivas estao correctas. Ser “visionario”
trata-se tao somente de descrever aquele que tem “visao”, ou seja,
aquele que ve com olhos de ver.
E por isso critico e fundamental para o empreendedor a atencao
e avaliacao critica constante da realidade atraves da televisao,
jornais, revistas, websites, etc. Da observacao constante da
realidade e da sua analise e sintese podem resultar muitas ideias,
algumas potencialmente inovadoras.

Duas referencias ajudam a ter esta visao critica da realidade, em
especial quando cobrem em detalhe duas areas que Drucker nao refere
explicitamente como potenciais focos de inovacao: a inovacao em termos
de formas organizacionais (em vez de inovacao de produto ou de processo)
e a inovacao tecnologica disruptiva (um misto de inesperado e de novo
conhecimento).

Unleashing the Killer App
http://www.amazon.co.uk/Unleashing-Killer-App-Larry-Downes/dp/1578512611/
The Twelve Principles of Killer App Design
http://www.ebbemunk.dk/killer_iframes/killer_app_Part_2__De.html

The Innovator’s Dilemma
http://www.amazon.co.uk/Innovators-Dilemma-Technologies-Cause-Great/dp/0875845851/
Disruptive Technologies
http://www.technovelty.org/images/disruptive.png
http://simonwoodside.com/weblog/images/disruptive/disruptive_sm.gif

— MV


28
Feb 08

Empreendedorismo I – Ser Empreendedor

Path: mv.asterisco.pt!mvalente
From: mvale…@ruido-visual.pt (Mario Valente)
Newsgroups: mv
Subject: Empreendedorismo I – Ser Empreendedor
Date: Thu, 28 Fev 08 00:20:21 GMT

Enquanto vou “desligando” das minhas responsabilidades no Ministerio
da Justica e vou trabalhando na minha tese de mestrado, vai sobrando
algum tempo para pensar na vida.

Como uma das hipoteses na balanca e voltar a minha sina de
accidental/serial entrepreneur, aproveitei para reler alguns textos
sobre empreendedorismo.

http://www.amazon.co.uk/Capitalism-Socialism-Democracy-Joseph-Schumpeter/dp/0415107628/
http://www.amazon.co.uk/Individualism-Economic-Order-FA-Hayek/dp/0226320936/
http://www.amazon.co.uk/Innovation-Entrepreneurship-Practice-Principles-Drucker/dp/0750643889/

Nao pretendo fazer neste post (ou em mais 2 ou 3 que se sigam) um
reiterar ou resumir do que esses textos dizem. Para isso podem e
devem os interessados comprar e ler os mesmos. Pretendo tao somente
sintetizar o que os livros e as “teorias” dizem e qual e a minha
experiencia pessoal.

Lidos e revistos o “Capitalism, Socialism and Democracy” de
Schumpeter (um calhamaco seca de marca maior; mas importante, uma
vez que aparece nele o conceito fundamental de “creative destruction”),
o “Individualism and Economic Order” de Hayek (mais legivel mas
tambem denso, importante pela racional explicacao da importancia do
individuo empreendedor na criacao de riqueza) e o “Innovation and
Entrepreneurship” de Drucker (de leitura facil e imprescindivel),
qual a resposta a pergunta basica: o que e ser empreendedor?

Resposta sumaria: enquanto que um gestor, numa organizacao/empresa
ja existente, detem um conjunto de recursos (pessoas, tecnologias,
maquinas, dinheiro) para os quais procura ideias em que os possa
empregar, um empreendedor tem ideias e a sua tarefa e procurar os
recursos (pessoas, dinheiro, tecnologia, etc) para as implementar.

Tendo em conta esta definicao base, varias questoes adicionais
se colocam, a resumir em posts futuros: ideias/inovacao; lideranca;
conhecimentos/capacidades; estilo/personalidade; etc.

— MV