13
May 11

Esoterica VI – O Bin Laden das Diskettes

A notícia de que Bin Laden usava chaves USB para enviar email fez-me lembrar uma historieta…

No início da Esoterica, algures em 93, quando ela era apenas eu e o Luis Sequeira (mais tarde juntaram-se 3 sócios do Porto que não conheciamos de lado nenhum mas que queriam revender o serviço no Porto), apenas disponibilizavamos email e Usenet news. Não tinhamos uma linha dedicada, era tudo feito por ligações modem USR a intervalos regulares, usando o protocolo UUCP. Então e websites e tal? Não era problema, ainda não existiam websites.

Com modems a 9600 bps é bom de ver que a largura de banda existente não dava para tudo: só podiamos ligar durante X minutos, não podiamos ter a linha sempre ligada (uma fortuna em períodos telefónicos); o email não era problema, a não ser que alguém se lembrasse de enviar ficheiros em attach (coisa rara na altura); o email não era problema mas as news eram, especialmente se nos pediam (e pediam) grupos como alt.binaries.pictures.erotica.* ou o alt.binaries.software.

Vai daí então montámos a nossa própria SneakerNet: trabalhávamos ambos no LNEC, um dos únicos sítios em Portugal com acesso Internet permanente; duas vezes por dia, ao almoço e depois ao jantar, fazíamos o download das mensagens dos newsgroups mais interessantes ou requisitados; gravávamos em diskettes; e depois íamos ao servidor da Esoterica colocar as mensagens disponiveis localmente. A Amazon ainda não tinha aparecido, mas estávamos muito à frente dela.

E foi assim que eu me tornei o Bin Laden das diskettes.

 


09
May 11

PS e PSD: Programas Eleitorais em 100 Palavras

Sem grandes comentários e delongas, seguem os programas do PS e do PSD analisados sob a forma de tagcloud com as 100 palavras mais frequentes.

Tagcloud com programa eleitoral do PS

Tagcloud com programa eleitoral do PS

Tagcloud com programa eleitoral do PSD

Tagcloud com programa eleitoral do PSD

Ambos os partidos se preocupam com Portugal (antes fosse) e com o próprio partido (claro).

No programa do PSD agrada-me a referência ao “desenvolvimento” e às “empresas”. Preocupa-me aquele grande “Estado” ali no meio.

O programa do PS reconhece de alguma forma a importância da “economia”, algo bastante abstracto. Preocupa-me aquele “DEFENDER” (assim, em maiúsculas) e aquele “social”.

Em ambos os casos faz-me espécie não ver a palavra “Portugueses” destacada.


08
May 11

O que os Portugueses precisam de saber sobre a Finlândia


07
May 11

MJ I – Killer Despacho from Mars

Durante os meus 3 anos no Ministério da Justiça vi muito despacho com elaborada linguagem. Mas este que transcrevo ficou-me especialmente na memória…

“Acolhendo, por concordância, a presente informação e tudo quanto lhe está subjacente, que consubstancia o delineado plano global de informatização integral, impõem-se-me agora introduzir este projecto à superior ponderação de V. Exa.

Entre o tudo e todo o demais que tem de passar ao prudente crivo de V. Exa., ganha especial proeminência a aferição do mérito absoluto, bondade relativa, oportunidade e possibilidade efectiva do dispêndio econonómico-financeiro que ora se aponta realizar.

Coincidentemente, em razão do que pode ser a transformação decisiva que se anteolha como resultado útil de todo este esforço a empreender, não pode deixar de ser anotada para adequada avaliação neste instante inicial e preambular a susceptibilidade de a mudança – senão mesmo a sua sugestão – poder provocar incomodidade laboral, com os eventuais e consequentes movimentos.

V.Exa. melhor completará.”

Perceberam? Eu à primeira também não percebi. À segunda também não. Levei ao Hugo para ele ler e ele também não percebeu patavina. Levámos ao Rui e até ele teve alguma dificuldade…

Versão curta: “Se quer fazer a informatização integral, você é que sabe, veja lá se tem dinheiro suficiente. E prepare-se que o pessoal vai ficar chateado e ainda vêm para aí os sindicatos com protestos e o caraças. Tás sózinho.”


30
Apr 11

Esoterica V – Sexo, Mentiras e Video

Este ainda não é o post com a bomba atómica do Golias. Esse vem mais tarde. Mas entretanto lembrei-me de um episódio que merece um curto post.

Da esquerda para a direita: Gonçalo Valverde (a nossa primeira contratação), o vosso ilustre escriba que na altura tinha um fetiche por suspensórios e tshirts maradas, o Nuno Sousa (founder), o Luis Sequeira (founder), um tipo que não me lembro quem é e finalmente o Dr Theriaga Mendes (o primeiro adulto a ajudar a gerir a empresa de vão de escada... um dia também conto esta do vão de escada)

 

Aos belos dias de 18 e 19 de Março do ano 1996, a Esoterica estava presente na conferência Internet 96 organizada pelo Centro Atlântico.

Já tinhamos estado presentes no Internet 95, talvez a primeira conferência sobre Internet em Portugal e que decorreu da forma mais normal possível. Tirando o facto de termos sido nós a montar o stand, o que implicou algum cansaço e que fez com que o stand fosse uma bela bosta. Notem bem os cartazes foleiros, impressos a inkjet e depois fotocopiados para formatos maiores…

Mas, dizia eu, tinhamos ido ao Internet 96. Tudo muito bem e coisa e tal. Até que chega o momento do último debate do dia. O painel já era constituido por um grupo muito maior (7+1) de ISPs, bastante mais do que o painel idêntico no Internet 95 (3).

Eu, o na altura ciberdeputado José Magalhães, Henrique Carreiro da Telepac (hoje na Microsoft) e Teresa Paula Fernandes da Comnexo

Eu já andava pelo nariz com as merdas da PT e da Telepac (ler os episódios anteriores da saga) e com os tempos que os ditos cujos demoravam a responder aos nossos pedidos de instalação de linhas dedicadas. Quando alguém da audiência perguntou porque é que não estávamos com mais POPs em mais zonas do País, respondi curto e grosso: “A Portugal Telecom demora deliberadamente as instalações de linhas dedicadas e, para além disso, recusa-se e anda a engonhar com os nossos pedidos de locação de equipamento nas centrais da PT, coisa a que são obrigados por lei”.

Oh! meu amigo… O Eng. Iriarte Esteves, na altura à frente da Telepac, levanta-se da audiência aos gritos: “ISSO É MENTIRA! NÃO É VERDADE!”… Coisa rara e nunca vista, alguém interromper uma resposta de um membro de um painel. Também raro e nunca visto alguém conseguir bater-me na falta de calma e de tacto…

Nunca cheguei a perceber o que é que seria mentira, se os atrasos ou se a obrigação de permitir o acesso às centrais. O resto do painel, até aí caladinhos que nem ratos, a seguir toca de confirmar a minha afirmação e toca de malhar na PT e na Telepac. Quanto ao Eng. Iriarte Esteves, quando a palavra foi devolvida para contraditório, tinha-se ido embora. As vantagens de um gajo ser quase monopolista é que pode mandar os outros todos badamerda.

Esta foi a parte do “Mentiras”…

A parte do “Sexo” tem a ver com outro “incidente” durante o Internet 96. Às tantas eu, o Pedro Ramalho Carlos (IP Global) e a Graça Carvalho (FCCN), começámos a falar da possibilidade de nos “casarmos” de alguma forma e tentar comprar e partilhar recursos. Fala daqui, fala de acolá, e chegámos à conclusão que o que seria melhor era criar um ponto de troca de tráfego em Portugal, para evitar que o tráfego de cada ISP fosse dar a volta aos EUA. Fomos falar com o Henrique Carreiro e desafiámo-lo a juntar-se a nós e anunciar no fim do congresso esse projecto conjunto. Nada feito. A Telepac, apesar de conversa em contrário (ver PS), só anos mais tarde chegou a participar no PIX, cobrando pela interligação e nunca tendo acedido a trocar tráfego com a Esoterica porque era um “operador pequeno”. A Telepac recusou durante muito tempo o ménage à…. uns quantos.

Finalmente, a parte do “Video”: um dia destes, quando tiver tempo, digitalizo o vídeo e coloco aqui no blog.