O Que Fazer ou Não Fazer Durante Uma Recessão

Com o país a meio de uma recessão não é surpresa que o assunto da economia seja preocupação de todos.

O que fazer relativamente aos problemas que temos? Bem, isso depende de quem se perguntar. Dizem por aí que precisamos de um financiamento e um estímulo de 85 mil milhões de Euro…

Mas há quem não acredite nesta típica medida keynesiana, preferência de governos socialistas. Há quem não acredite em Keynes, seguido ardentemente por uma classe política retrógrada e velha.

Aqueles que não acreditam nas teorias de Keynes contrapõem como alternativa as teorias de Friedrich Hayek (prémio Nobel de Economia, um dos mais importantes economistas do século 20). Bruce Caldwell, editor do livro “The Collected Works of FA Hayek (19 volumes)”, resume Hayek a 10 idéias-chave sobre o que fazer e não fazer durante uma recessão.

Aqui estão as 10 idéias hayekianas, alternativas a medidas keynesianas que demonstraram não funcionar durante os últimos 50 anos:

1. Recessões irão sempre acontecer. Alternância entre os períodos de crescimento econômico e períodos de estagnação ou declínio são uma parte necessária e inevitável de um mercado livre. As recessões não são aberrações, mas sim eventos dolorosos mas necessários para restabelecer o equilíbrio de uma economia.

2. Um estímulo só vai estimular o défice: a experiência do passado com as tentativas de alterar a economia mostram que políticas monetárias e fiscais anticíclicas podem muitas vezes ter resultados muito piores (como na década de 1970). Os políticos inteligentes devia pois ser aconselhados a não se intrometerem, por muito que os seus instintos lhes digam para mostrar aos eleitores que estão a fazer alguma coisa.

3. Um mercado puro laissez-faire também não funciona: são necessárias algumas regras para os indivíduos poderem realizar os seus planos e para o mercado a funcionar. São necessárias regras gerais, igualmente aplicáveis a todas as pessoas, destinadas a serem permanentes (ainda que sujeitas a revisão, com o crescimento do conhecimento) e que forneçam um quadro institucional no qual as decisões quanto ao que fazer e como ganhar a vida são deixadas para os indivíduos.

4. Planeamento central e regulamentação excessiva não funcionam: o desejo de planear e de submeter a economia aos caprichos dos Estados  colocam a liberdade em risco. Como Hayek observou de forma sucinta: “quanto mais o Estado planeia, mais difícil se torna o planeamento para os indivíduos.”

5. A economia é demasiadamente complexa para previsões precisas: como Yogi Berra disse: “Odeio fazer previsões econômicas. Especialmente sobre o futuro.” Não é que não saibamos nada sobre a economia, mas o que sabemos revela os limites de nosso conhecimento e, consequentemente, da nossa capacidade de planear centralmente.

6. Convém lembrar a regra das consequências imprevistas: a história mostra que quando se tenta atingir certos fins, em especial quando a sua realização implica interferir com o funcionamento dos mecanismos de preço das economias, todos os tipos de efeitos perniciosos ocorrerão, efeitos esses que não faziam parte do plano original

7. Muitos políticos e governantes fariam bem em assistir a umas aulas de Economia do 1º ano: enquanto Hayek repetidamente apontou para as limitações inerentes a uma disciplina que lida com um sistema complexo como a economia, os princípios básicos da economia de escassez, da oferta e da procura, da divisão do de trabalho, etc, podem explicar muito sobre o mundo e, mais importante, ajudar a excluir certas respostas políticas inadequadas (por exemplo, os preços máximos).

8. Convém esquecer a história da “justiça social”: os mercados livres conduzem necessariamente a uma distribuição desigual de riqueza e, inevitavelmente, levam por isso aos clamores para que haja “justiça social igualitária”. Tais clamores de “justiça” são injustificados uma vez que não têm nada a ver com um processo impessoal de mercado e são também perigosos uma vez que esquemas distributivos presumem que possuímos todo o conhecimento necessário que, de facto, nunca se pode possuir (ver #5).

9. Nada é melhor que o livre mercado: Hayek admitiu se tivéssemos mais conhecimento sobre o mesmo, poderíamos fazer muito mais para melhorar o mundo através de planeamento e regulação. Mas não sabemos. E o que sabemos, no mundo globalizado e disperso em que vivemos, é de facto devido ao funcionamento do mecanismo de mercado.

10. Como regra geral, as intervenções dos Governos não são apenas emendas piores do que o soneto, mas podem levar a problemas ainda mais sérios: quando se pensa que os burocratas têm incentivos para maximizar a burocracia; que os políticos procuram ser reeleitos e portanto têm um incentivo ao aumento da despesa e à diminuição de impostos, e que as empresas têm um incentivo para eliminar concorrentes quando conseguem influênciar os Governos e vivem à custa do Estado, conclui-se que o mercado livre continua a ser a nossa melhor opção (ver item 9).

(traduzido e adaptado a partir de “Hayek’s Top 10 Do’s and Don’ts in a Recession”)

 

3 comments

  1. Os politicos não são a solução. O seu objectivo é serem reeleitos e como tal têm aversão ao risco e a medidas menos populares (Socialismo).

    Aliás se o estado do pais piorar a ideia é que eles serão ainda mais necessários, e com eles trazem mais regulação e mais entraves ao investimento.

    Ou seja um politico ou economista na sua natureza quer sobreviver e para sobreviver tem que piorar a situação do pais onde está, para justificar a sua existência. E esta ein ?

  2. Algumas Recomendações de livros de “economia do 1º ano” para não-ecomistas lerem e perceberem um bocadinho destas teorias todas?